Publicado em: 07/08/2021
O fosfato bicálcico é a principal fonte de fósforo
para os bovinos, principalmente em rebanhos produzidos em pasto e que recebem
suplementação devido à deficiência do mineral nas pastagens tropicais. O
fosfato pode representar até 80% do custo da suplementação.
O insumo também é utilizado para suprir os níveis
nutricionais de fósforo na ração de suínos e aves. A obtenção do fosfato
bicálcico envolve duas etapas de produção. A primeira é a produção do ácido
fosfórico através da reação de rocha fosfática, composta por fluorapatita, com
o ácido sulfúrico. O processo utiliza preferencialmente rochas ígneas, mais
puras, com menor presença de contaminantes.
Na segunda etapa, há a neutralização do ácido fosfórico com
cal, convertendo o ácido fosfórico para a fase salina insolúvel, formando o
fosfato bicálcico.
Essencial
O fósforo é essencial para que as reações bioquímicas ocorram de
forma correta no organismo dos bovinos. Seu papel principal é a formação da
molécula adenosina trifosfato (ATP), responsável pela liberação de energia para
as células dos seres vivos. Ele também atua no crescimento e fortalecimento de
ossos e tecidos.
O fornecimento de fósforo
abaixo das exigências nutricionais afeta diretamente o desempenho, provocando
queda de peso em bovinos de corte em fase de engorda, queda na produção de
leite de vacas em lactação, perda da qualidade dos ovos e compromete o
desenvolvimento ósseo de aves de corte.
Consumo no Brasil
A forma comum de fornecimento de fósforo aos bovinos é através
da suplementação mineral, podendo já ser pronto para o uso; com necessidade de
diluição; com ureia; proteicos; proteicos energéticos; núcleos e concentrados.
A utilização de suplemento mineral para bovinos cresceu nos
últimos anos. Segundo dados da Associação Brasileira das Indústrias de
Suplementos Minerais (Asbram), houve aumento de 17,02% nas vendas na comparação
de 2018 com 2020, último ano consolidado.
Em 2021, no primeiro semestre, foram vendidos 1,2 milhão de
toneladas de suplemento mineral para bovinos, crescimento de 13,85% na
comparação com o primeiro semestre de 2020. A expectativa é de crescimento
também no segundo semestre.
O crescimento da quantidade de suplemento mineral
se deve ao aumento da adoção de tecnologias para a bovinocultura de corte,
principalmente para animais em pasto.
Figura 1. Quantidade, em mil toneladas, de suplementos minerais vendidos por categoria.
*Dados do primeiro semestre
Fonte: Asbram / Elaboração: Scot Consultori
Preços dos suplementos minerais
Além da demanda aquecida, a alta do dólar puxou para cima as
cotações dos suplementos minerais no mercado brasileiro desde meados de 2020.
Segundo levantamento da Scot Consultoria, na praça
de São Paulo, em julho, a saca de 30 quilos de um suplemento mineral pronto
para o uso, com 88g de fósforo por quilo de suplemento, ficou cotada, em média,
em R$135,14.
Houve aumento de 16,3% na comparação mensal e alta
de 66,8% na comparação anual. Veja a figura 2.
Figura 2. Evolução dos preços (R$) da saca de 30 quilos de suplemento mineral com 88g de P, em São Paulo, de 2019 a 2021.
Poder de compra do
pecuarista
O pecuarista perdeu poder de compra frente aos suplementos
minerais.
Em São Paulo, compra-se 2,3 sacas de 30 quilos do suplemento
citado com o valor de uma arroba de boi gordo, uma queda de 6,7% na comparação
mês a mês.
Desde abril, mês com a melhor relação de troca, o poder de
compra caiu 23,1%, o equivalente a 20,7 quilos a menos do insumo por arroba de
boi gordEm doze meses, a queda foi de 14,6% ou 11,7 quilos de suplemento
a menos por arroba de boi gordo.
Figura 3. Relação de troca: sacas de suplemento alimentar bovino por
arroba de boi gordo em São Paulo.
Considerações finais
A boa demanda por suplementos minerais, devido às condições das
pastagens ruins, com o período seco do ano no Brasil Central, associada ao
câmbio em patamares elevados, são fatores de sustentação das cotações dos
suplementos em curto prazo.
Além disso, a dificuldade logística que algumas empresas do ramo
de nutrição animal vêm enfrentando em relação ao abastecimento e distribuição
do produto, por conta da pandemia de covid-19, também estão pesando no preço do
insumo.
Fonte: Scot Consultoria