Publicado em: 05/07/2021
Sustentado
pelas exportações brasileiras de carne para a China num cenário de escassez de
animais prontos para diminuir, o mercado entra em sua “entressafra” nos
próximos meses – quando, sazonalmente, ocorre diminuição da oferta de animais
terminados a pasto e alta nas cotações – com motivos de sobra para subir ainda
mais, porém com um mercado interno fraco para reações exageradas.
“Ao
menos no curto prazo, os preços devem se manter em patamares bastante
acentuados para a pecuária de corte e não só no boi gordo que vai para
abate. O mercado de associação também está no teto histórico, com negócios
de bezerro a R $ 3,5 mil no Mato Grosso do Sul, boi magro em patamares
gravações, todas as categorias estão bastante inflacionadas ”, observa o
analista da Safras & Mercado, Fernando Iglesias.
Segundo
ele, os animais “padrão China” (até 30 meses de idade) já são negociados por
valores de até R $ 325 a arroba em São Paulo. “Já trabalhamos nesse
patamar faz uns dez dias. Mas para o curto prazo, curto prazo, não tem
tanto espaço para mais agressivas no curto prazo. Podemos ver alguma alta
pontual em função da entrada dos salários na economia, o que motiva a pagar no
atacado e no varejo, mas de qualquer maneira a gente vê um ponto de acomodação
para uma arroba neste início de semestre ”, avalia.
Ele ressalta que o mercado interno encontra-se sem condições para
absorver novas. “A gente já vê um processo de migração ampla para a carne
de frango. Está acontecendo de forma rotineira e isso acontece porque o
consumidor brasileiro simplesmente não manter seu padrão de consumo com os
preços da carne bovina que a gente tem hoje, combinado à situação econômica. Então
se a carne bovina apresentar altas mais agressivas, vai acontecer uma ampliação
desse movimento ”, aponta Iglesias.
Na avaliação do analista da Agrifatto Consultoria, Yago Travagini
Ferreira, o cenário indica que o Brasil terá uma nova queda sem volume de
abates em 2021, “provavelmente o menor dos últimos 12 anos”.
“Como a gente tem um ciclo de exclusão de exclusão, um confinamento
desestimulado e essa questão da seca mais forte, isso tudo já trazia uma
perspectiva de que a gente teria uma oferta mais restrita, mas este frio e essa
seca mais intensos trazem essa perspectiva um pouco mais cedo ”, afirma
Ferreira.
Com
isso, uma análise feita pela consultoria é de que os preços da arroba bovina
voltem a apresentar valorizações mais expressivas a partir de agosto e
setembro. A oferta de animais terminados se tornará crítica e o avanço da
vacinação pode trazer alguma recuperação da atividade econômica no país.
“A gente já vê o número de mortes do Brasil diminuindo e consequentemente já se cogita uma possibilidade de reabertura econômica total no final do ano e isso poderia melhorar a demanda interna e consequentemente trazer melhores preços para a carne bovina no mercado interno, que é o que está travando o boi gordo ”, aponta o analista.
Fonte: Compre Rural
https://www.comprerural.com/preco-do-boi-gordo-pode-subir-mais-no-2o-semestre/